Brasil, Piauí, Rainha do Nordeste: TE-RE-SI-NA! Com seus 33º graus característicos, essa rainha já chegou a registrar 40,8º, com essa temperatura daria para fritar um ovo na testa de nêgo. A cidade que começou as margens do Rio Poti abriga seus 822.363 habitantes bem distribuídos em 1.392.000 km² de área é a terceira capital mais segura do Brasil. Terra de Torquato Neto e Carlos Castelo Branco, ela tem o melhor sistema de saúde do Nordeste, mas houve um grande aumento no número de infartos por aceleramento cardíaco depois que conheceram a nossa heroína de hoje: A Ressentida de Teresina.
O sol do trabalhador piauiense nasce bem antes do sol dos outros nascerem, e é assim com Natália. Ela acorda bem antes da maioria das pessoas por que mora muito distante do emprego, o casarão de Alexandre Freitas. Natt além de acordar cedo, fazer o café da manhã em sua casa, pegar três ônibus e ir correndo preparar o desjejum do patrão, ainda guarda um tempinho na manhã para as cantadas de Xande.
Alexandre – Bom dia! [Ele foi chegando perto dela por trás e a encochando]
Natália – Bom dia, seu Alexandre.
Alexandre – Hum… [Roçou os lábios no pescoço da mulata] Você está séria hoje.
Natália – Muito trabalho.
Alexandre – E o que você acha de a gente espairecer um pouco. [Natália já sentia uma leve cutucada]
Natália – Não sei, não…
Alexandre – Acha que seu patrão vai brigar?
Natália – Isso com certeza, ele é muito exigente. Não gosta que ninguém faça nada errado.
Alexandre – Então vamos fazer coisa errada na cama dele?
Natália – Só se tu estiveres maluco.
Alexandre – Por quê?
Natália – Por que meu chefe é o cabra mais macho do Piauí.
Alexandre – Morena, não me provoca.
E naquela brincadeirinha de fazer tico-tico no fubaco escondida do “chefe” os dois foram para o quarto brincar mais um pouquinho. Mas estava na hora de Natália acordar e ver que o seu chefe não a quereria nem em conto de fadas.
Dias e dias se passavam e Natália acordava cedo, tomava um café preto com pão e corria para preparar do banquete do chefe. Quando ela estava na cozinha era o momento em que mais se esforçava, pois já dizia sua avó Nastácia: “Um homem se conquista pelo estomago”, mas por diversas vezes se pegou sonhando com o dia em que Xande assumiria o relacionamento deles… o passatempo preferido dela era alimentar suas ilusões.
Natália – Ele tá é demorando hoje. [Pensou alto quando olhou para o relógio] É melhor eu chamá-lo antes que ele se atrase para o trabalho.
E largou o pano de prato na pia, subindo as escadas diretamente para a suíte máster. Na soleira da porta deu algumas batidas e como não houve repreensão vinda de dentro entrou calmamente.
Alexandre – Natália?
Natália desfez o sorriso com que entrou no quarto no momento em que seu cérebro pôde processar a cena. Havia uma cama… um homem, seu Alexandre, nu… uma loira de farmácia e um quarto de cabeça para baixo. Ela ia desmaiar.
Natália – Desculpe seu Alexandre… [E saiu em disparada para a cozinha].
Na área de serviço ela lutava para reprimir suas lágrimas, mas elas lhe escapavam sem nenhum comando cerebral. Pouco tempo depois, Alexandre apareceu por lá.
Alexandre – Natália, eu preciso que você vá nos servir… [Disse assim que chegou, mas interrompeu-se quando viu a face chorosa da empregada] Você tá chorando?
Natália – Não, é que caiu um cisco nos meus dois olhos. [Explicou limpando a região úmida]
Alexandre – Essa conversa não cola comigo, me diz logo o que é.
Natália – Você, quer dizer… o senhor!
Alexandre – Eu não fiz nada. Eu sou um excelente patrão.
Natália – É mesmo, o MELHOR patrão do mundo, sabe. Eu to chorando de felicidade por trabalhar numa casa tão boa.
Alexandre – Sim… voltando ao que eu queria. Eu preciso que você faça um jantar para mim e a minha noiva, Lorena, esta noite.
Natália – Vocês vão casar?
Alexandre – Daqui a seis meses. E você deveria arranjar um pretendente também, antes que fique caída e ninguém mais a queira.
Natália – Está bem seu Alexandre, eu vou fazer o seu jantar.
Alexandre saiu e Natália sentiu um fogo perpassar seu corpo e temia que aquele fogo queimasse a casa inteira de vez.
Natália – Pode deixar seu Alexandre, eu vou arruinar o seu jantar!
Assim que todo o serviço de limpeza da casa ficou pronto, nossa flor morena começou a preparar o jantar imediatamente. Natália picava as cebolas tão rápida e raivosamente que um olhar de fúria se emoldurou no brilho dos seus olhos castanhos. Vai ver que era por que ela imaginava a cabeça da Lorena no lugar da cebola. O mesmo aconteceu com a massa, ela só faltou queimá-la numa fogueira e afogar na piscina depois de esmurrá-la raivosamente. A essa altura do campeonato a loira oxigenada já devia estar em coma na UTI. Ou a sete palmos da terra.
Perto da hora do jantar, Natália deixou o frango no forno e correu para tomar uma ducha rápida e ficar linda e cheirosa na hora do jantar a dois dos pombinhos.
Natália – Seu Alexandre, você nem imagina o quanto este jantar será marcante. [A musa falou sozinha enquanto voltava para a cozinha]
Alexandre – Falaste comigo, Natália?
Natália – Seu Alexandre? O senhor estava aí?
Alexandre – Não acabei de chegar, mas te vi falando só…
Natália – NÃO! Eu não estava falando com o senhor, era só uma poesia de Dorgival Dantas.
Alexandre – Eu pensava que ele era cantor.
Natália – É poeta também. Mas agora saia que eu vou terminar esse jantar.
Alexandre – Eu vou terminar de me arrumar e quando voltar quero tudo impecável.
Natália – Sim senhor.
Continua…
Nota do Autor*: Apresentei-lhes finalmente A Ressentida do Piauí, espero que tenham gostado dessa heroína iludida e vilã apaixonada. A pergunta que paira é: no que este jantar vai dar? A resposta só será dada amanhã às22h30 no Club +TV!