Um senhor, já de idade, se aproximou e Pedro percebera que ele era a resposta.
Francisco – Eu sou quem te dará as respostas para as perguntas que tanto fazes.
Pedro – E quem é você.
Francisco – Eu sou Francisco, um espírito livre.
Pedro – Eu também sou um espírito livre?
Francisco – Você também alcançará este grau evolutivo.
Pedro – Como assim, grau evolutivo?
Francisco – Tudo o que você fizer em vida contará para a evolução do seu espírito.
Pedro – Como assim? Eu não estou… morto?
Francisco – Você retornará a Terra em outros corpos.
Pedro – Quando?
Francisco – Você ainda é apegado a alguém na Terra, por isso Miguel está contigo. Você irá com ele para a Terra, mas no plano espiritual, sem que ninguém o veja.
Pedro – Eu verei Marina novamente?
Francisco – Sim, mas não hoje, não agora.
Clarisse não suportava mais olhar na cara da empregada, por isso decidira sair com sua irmã para dar um passeio no calçadão. Enquanto trocavam ideias, o celular tocou.
Clarisse – Carol, é o Thiago, vou ter que atender. [Ela aceitou a chamada] Oi, amor.
Thiago – Amor, eu vou ter que viajar pra Recife agora. O rapaz que ia adoeceu e vou ter que resolver isso por ele.
Clarisse – Ah, eu tava planejando da gente sair Crepara jantar hoje.
Thiago – Mas eu voltarei no inicio da noite, se não houver problemas com a ponte área.
Clarisse – Não vai de carro?
Thiago – Não. Ele tá no lava a jato.
Clarisse – Está bem, boa viagem.
Clarisse desligou o celular e o recolocou na bolsa.
Carolina – O Thiago vai viajar?
Clarisse – Vai a Recife resolver uns assuntos, mas voltará hoje.
Carolina – E o jantarzinho?
Clarisse – Ele retorna no fim da noite.
Carolina – Ah, bem.
No hospital, Creusa esperava, já aliviada, por mais noticias da sua filha.
Enfermeira – Senhora?
Creusa – Olá
Enfermeira – A sua filha já pode receber visitas.
Creusa – Já posso vê-la?
Enfermeira – Sim. Me acompanhe.
Creusa seguiu então a enfermeira por um elevador e em seguida um longo corredor de quartos e parou no de número 304.
Enfermeira – Por aqui.
E ela abriu a porta. Creusa parou ao ver o estado de sua filha cheia de tubos saindo de seu corpo e todos os seus sinais monitorados por equipamentos.
No plano celestial, Pedro tinha muitas perguntas para o espírito livre Francisco, porém havia algumas que até ele mesmo se recusava a responder.
Pedro – Por que eu não posso vê-la imediatamente?
Francisco – Ainda não é o momento. Ela nem sequer enfrentou o choque da sua morte.
Pedro – Como não?
Francisco – Ela se encontra desacordada desde o acidente.
Pedro – Marina vai morrer?
Francisco – Não. Ainda não chegou a hora dela.
Pedro – E por que ela não está acordada. Eu quero vê-la.
Francisco – Pedro, não aja como uma criança. Precisa entender que não é o momento.
Na escola Machado de Assis, Otávio conversava com Maysa.
Maysa – Sua mãe é linda sabia.
Otávio – Brigado.
Maysa – Seu pai também é bonitão.
Otávio – E eu?
A menina corou.
Otávio – Desculpe, eu não devia ter perguntado.
Maysa – Você também é uma gracinha. [E ela deu um beijo na bochecha dele.]
Creusa chorava descontroladamente enquanto pegava na mão da filha.
Creusa – Marina, minha filha, você precisa acordar. Tem tanta coisa acontecendo, eu não posso te perder também.
A enfermeira retornou ao quarto.
Enfermeira – Senhora, o horário já acabou.
Creusa – Mas já? Eu preciso ficar mais com ela.
Enfermeira – Os médicos precisam realizar exames importantes.
Creusa – Por favor.
Enfermeira – Sinto muito, senhora.
Creusa saiu relutantemente do quarto e se dirigiu a recepção novamente. Quando a porta do elevador abriu no andar de baixo ela se deparou com sua filha mais velha.
Creusa – Andressa?