Na estrada para Recife, Thiago e Carolina viajavam sem trocar uma palavra, o que era muito estranho.
Thiago – E aí, cunhada, quais são os seus assuntos em Recife?
Carolina – É uma pendência de quase um mês atrás, vou aproveitar que falta pouco tempo para mim ir embora e resolver logo isso.
Thiago – Misteriosa?
Carolina – Presta atenção na estrada, se a Clarisse souber que você tá olhando para os meus peitos ela te mata.
Thiago – Eu não tava olhando.
Carolina – Eu sei disso, era só para descontrair.
E eles riram.
Clarisse pegava seu carro na garagem do condomínio. Ligou o carro e saiu. Duas horas depois chegou ao seu destino, seu telefone tocava, era Marcelo, ela atendera pelo carro mesmo.
Clarisse – Acabei de chegar.
Marcelo – Eu to na minha casa, tem como vir aqui?
Clarisse – Claro, me espera pelado.
Marcelo – Vou pensar na sua proposta.
Clarisse – Beijo.
Marina lia um livro, esparramada no sofá quando ouviu seu celular tocar. Saiu então procurando pelo aparelho na sala de estar e o encontrou na mesa de centro, atrás do vaso de flores.
Marina – Alô?
Thiago – Aqui é o Thiago se lembra de mim?
Marina – Claro.
Thiago – Eu estou em Recife e queria saber se não tem como agente se encontrar para conversar?
Marina – Tem sim.
Thiago – Onde?
Marina – Hoje tá um calor né? Que tal numa sorveteira, conhece a Bakana?
Thiago – Conheço.
Marina – Pronto, a gente se vê lá.
Thiago desligara o telefone e percebeu que Carolina observara toda a conversa.
Carolina – Quem era?
Thiago – O Ernani, eu vim conversar com ele.
Carolina – O Ernani, sei…
Thiago – Sem desconfianças, né, cunhadinha? Você sabe que eu me separaria antes de trair sua irmã.
Carolina – Sei…
Thiago – E aí, quer que eu te deixe onde?
Carolina – Numa certa casa, vou te passar o endereço.
Thiago – Tá bem.
Carolina passou o endereço da casa de Marina para Thiago e lá ele a deixou. Depois seguiu para a sorveteria.
Marina estava sentada numa mesa reclusa quando viu Thiago chegar.
Marina – Thiago!
Thiago – Marina, você tá bem?
Marina – Bem melhor, mas e você, como está?
Thiago – Melhor agora.
Marina – Como assim?
Thiago – Eu vou te mandar a real, eu não consegui parar de pensar em você por um minuto sequer nos últimos dias, eu não senti isso nem pela minha mulher.
Marina – Deixa de bobagem, Thiago.
Thiago – Olha nos meus olhos e me diz que você não sentiu o mesmo e eu saio daqui e nunca mais volto a te procurar.
Marina – Eu não posso negar que pensei em você nesses últimos dias, mas um romance entre nós é impossível, você é um homem casa, tem até filho e eu sou uma viúva recente.
Thiago – Será que você não consegue enxergar a chance que nos está sendo dada? O destino quer que a gente seja feliz novamente.
Marina – Desde quando você acredita em destino?
Thiago – Desde quando meus lábios tocaram os seus.
A campainha da casa de Marina tocou e Andressa foi abrir para saber quem era.
Andressa – Meu Deus, quem será a essa hora.
Ela olhou pela janela e percebeu que era Carolina.
Andressa – Ninguém merece.
Abriu o portão eletrônico e a indesejada entrou.
Carolina – Andressa?
Andressa – O que você quer?
Carolina – Ah, eu tava passando por aqui e resolvi te fazer uma visita.
Andressa – Eu vou repetir: o que você quer?
Carolina – Já falei, quero conversar, não tem um café por aqui?
Andressa – Tem sim. Vou pegar.
Marina olhava estatelada para Thiago, por mais que também o amasse não poderia jamais juntar-se a ele.
Marina – Não faz assim.
Thiago – Por favor, eu faço o que você quiser. Posso separar da minha mulher, me mudar para aqui, mas não pede para eu me afastar de ti.
Marina – Não dá, a gente mal se conhece.
Thiago – Me dê essa chance.
Marina – Isso é impossível, você não é um homem livre.
Thiago – Eu vou me separar e vou vir correndo para os seus braços, já decidi.
Então ele levantou, roubou um beijo de Marina e saiu da sorveteria.
Marina – NÃO! Isso tem que ser pensado com calma…
Na casa de Marina, Andressa serviu um café para ela e a convidada que não fora chamada.
Andressa – Então?
Carolina – E aí, como estás?
Andressa – Já que você quer continuar com essa faça eu vou entrar no seu jogo. Outro dia eu tava passando no shopping e vi sua irmã com o marido, um bonitão, meio baixo, mas tinha uns olhos azuis…
Carolina – Olhos azuis? Meu cunhado tem olhos castanhos!