Creusa – Aí, já tá falando igual à vagabunda da sua irmã.
Marina – Eu sabia que você não iria aprovar, com esses costumes pré-históricos…
Creusa – É assim que a nova geração chama os valores? Pois então eu sou uma pré-histórica. Não quero você se enrabichando com homem nenhum.
Marina – Cansei, to indo embora, perdi minha fome.
Creusa – Você não vai antes de me dizer quem é ele.
Marina – Eu tenho 27 anos, trabalho e me sustento. Não preciso ficar aqui ouvindo seus desapreços.
Pedro retornara ao ministério da comunicação e ao sair da câmara se deparara com Miguel.
Miguel – E aí, como foi?
Pedro – Eu não consegui, não sou forte o suficiente. Meu amor por ela não é forte o suficiente.
Miguel – Para com isso, cara.
Pedro – Eu sinceramente desisto, em outras circunstâncias eu preferiria morrer, mas aqui, neste lugar, eu não sei o que fazer.
Miguel – Ocupar a mente, trabalhar…
Pedro – Eu me decepcionei com tudo que eu acreditava, minha fé tá abalada.
Miguel – Você vai superar.
Pedro – Não, eu não vou.
Thiago fora ao centro da cidade, passara na loja de sapatos e comprara tênis, depois entrara numa loja de roupas e pegara algumas camisas. Ele estava entrando na loja de jeans quando se deparou com Alcione saindo de lá cheia de sacolas.
Thiago – Alcione? Tá fazendo o quê aqui?
Alcione – Ah, oi, seu Thiago. Tudo bem?
Thiago – Você ainda não respondeu a minha pergunta.
Alcione – Eu não posso estar aqui numa loja boa? Também sou filha de Deus.
Thiago – E onde arranjou tanto dinheiro pra estar com todas essas sacolas de marca.
Alcione – Namorado rico. Sabe como é, quer me ver bem vestida, pediu até pra mim me demitir da sua casa.
Thiago – E você o fez?
Alcione – Claro, agora é só vida boa.
Thiago – Sei…
Alcione – Tchauzinho pro senhor, por agora eu já vou indo.
A cada hora do dia o sol vai girando alguns graus a mais. Até o anoitecer e um novo amanhecer em João Pessoa, a cidade onde o sol nasce primeiro.
Clarisse deixara Otávio no portão da escola. Ele entrara e sentara sozinho a um banco no pátio. Avistou Maysa ao longe com sua mãe. Logo depois o sinal bateu e todos foram as suas salas. Enquanto a professora explicava um pouco de história, Otávio se levantou e foi até a carteira de Maysa.
Otávio – Oi.
Maysa – Tavinho, minha mãe me proibiu de falar contigo.
Otávio – Mas você quer fazer isso?
Maysa – Claro que não, mas eu tenho que obedecê-la.
Otávio – Então nossa amizade acaba aqui?
Maysa abaixara a cabeça, fechara os olhos e deixara uma lágrima rolar.
Otávio – Está bem, mas antes eu quero que você saiba que eu…
Professora Carmem – Será possível? Maysa sua mãe conversou comigo e eu vou seguir tudo o que ela disse.
Otávio – Eu já to voltando pro meu lugar.
Marina acordara cedo para voltar a Recife e ver Thiago novamente. Andressa também iria com ela.
Marina – Vamos logo, mana.
Andressa – Calma, você já viu ele ontem, não tem pra quê estar assim para vê-lo.
Marina – Então eu vou sozinha.
Andressa – Já estou prontíssima para ir.
As duas entraram no carro e seguiram para João Pessoa, mais precisamente o apartamento de Thiago.
Clarisse já estava de saída para deixar Otávio na escola quando percebeu o semblante do filho.
Clarisse – Você tá tão desanimado filho.
Otávio – Que nada, mãe.
Clarisse – Você precisa se abrir comigo, quem sabe eu não te ajudo?
Otávio – É que a mãe de uma colega minha proibiu ela de falar comigo.
Clarisse – Que coleguinha é essa?
Otávio – A Maysa.
Clarisse – Aquela bonitinha que você é apaixonado?
Otávio – Eu não sou apaixonado por ela.
Clarisse – Eu estou vendo isso no brilho dos seus olhos, mas não se preocupe por que eu e o seu pai vamos falar com ela.
Otávio – O papai vai voltar?
Clarisse – Quem disse que ele foi embora?
Otávio – Ele não tava em casa hoje.
Clarisse – Own, filho, você sabe como seu pai é: Ele viaja muito. Mas ainda hoje eu vou falar com ele, está bem?
Otávio – Tá.
Clarisse – Chegamos a escola, na saída eu te pego e aproveito pra falar com a mãe da sua coleguinha.
Marina e Andressa chegaram ao apartamento de Thiago e ele as recebeu.
Thiago – Meu amor!
Marina o abraçou e o beijou.
Marina – Thiago, essa é a minha irmã, Andressa.
Thiago – Prazer.
Andressa – O prazer é todo meu.
Thiago – Vamos entrar?
Os três foram para a sala de estar e Thiago as serviu um café cm torradas.
Thiago – Me desculpem a simplicidade, mas é que casa de solteiro…
Marina – Solteiro?
Thiago – Não-casado.
Marina – Ah.
Thiago – Eita, esqueci de desligar a maquina de lavar. Esperem aí.
Thiago foi para a área de serviço e a campainha tocou.
Marina – Eu atendo.
Marina foi à porta ver quem era e quando a abriu se deparou com Clarisse.