Otávio – Eu to pensando que você não gosta mais de mim.
Maysa – Não é isso, mas eu não quero desobedecer.
Otávio – Nem por nosso amor?
Maysa – Amor?
Otávio – Eu te amo, Maysa.
Maysa – Eu esperei tanto pra ouvir isso.
Otávio – Você não vai me dizer que também me ama?
Maysa – Eu…
Paulo (CORTA) – O que as duas estão conversando?
Otávio – Você pare de me encrencar!
Paulo – Criou coragem, bichinha?
Otávio – Ah, eu vou acabar com você e vai ser agora.
Clarisse e Marina desceram para o estacionamento do apartamento e entraram no carro da megera. Mas antes, Thiago e Marina deram um selinho. Clarisse deixara Andressa no centro da cidade e enquanto isso as outras duas fizeram um tour pela cidade.
Andressa entrara em algumas lojas, comprara pouca coisa e parara num Café para tomar um suco. Sentada no balcão um homem alto, moreno e bonito sentara ao seu lado.
Andressa – Um suco de abacaxi com hortelã, por favor.
Rodrigo – Eu quero o mesmo da moça.
Andressa – Olá.
Rodrigo – Oi, prazer, Rodrigo.
Andressa – Andressa, satisfação.
Rodrigo – Olha que a satisfação só vem depois do prazer.
Otávio mirava Paulo furiosamente. O olhar era de uma onça que fora cutucada durante o sono, Paulo estava indiferente, no entanto, Otávio partiu para cima dele.
Otávio – Agora eu acabo com você!
Otávio saltou sobre ele e o fez cair. Ficando em cima dele e puxando seus cabelos.
Maysa – Otávio, por favor, para!
Otávio – Agora ele vai aprender a parar de me encrencar.
Otávio continuou a bater no menino, este sem conseguir revidar começou a gritar. Um apito foi ouvido ao longe.
Maysa – Ai, a professora Carmen tá chegando. Vocês estão lascados.
Marina e Clarisse continuaram passeando pela cidade até que o telefone de Clarisse tocou e ela atendeu.
Clarisse – Desculpe, mas é da escola do meu filho.
Marina – Fique à vontade.
Clarisse (Ao telefone) – Alô?
Diretora – Olá, é a Clarisse Oliveira Albuquerque, mãe de Otávio Oliveira Albuquerque?
Clarisse – Sim, é ela mesma.
Diretora – Eu preciso que você se dirija a escola do seu filho agora.
Clarisse – Mas o que houve de tão urgente?
Diretora – Seu filho este envolvido em uma briga com outro aluno.
Clarisse – Meu filho? Numa briga? Eu estou a caminho.
Diretora – Passar bem.
Clarisse desligou o aparelho, guardou-o na bolsa e respirou fundo.
Marina – O que houve com seu filho?
Clarisse – Parece que ele brigou com outro menino da escola e eu tenho que ir lá, agora.
Marina – Vá, quer dizer… vamos. Eu te acompanho.
Clarisse – Magina, você deve ter coisas a fazer. Eu não quero atrapalhar.
Marina – Vamos logo, eu sou professora, quem sabe isso não ajude?
Carolina fora até a casa geriátrica em que Milton estava internado para visitá-lo.
Carolina – Oi, Milton.
Milton – Olha só quem veio, a primeira que me jogou a pedra.
Carolina – Eu não atirei pedra nenhuma, você que já estava passando dos limites. Bater na Clarisse? Francamente…
Milton – Eu não bati nela…
Carolina – Por que o Thiago chegou à tempo para impedir.
Milton – Você precisa acreditar em mim, a sua irmã que é a falsa da história. Era ela quem estava me batendo, não eu.
Carolina – A Clarisse? Ela jamais machucaria uma mosca.
Milton – Quer que eu mostre os hematomas?
Carolina – E como eu vou saber se não foi uma briga de bar qualquer aí?
Milton – Ah, se não quer acreditar em mim eu não vou forçar, mas não também não quero ter que ficar aqui sendo acusado injustamente, Fora daqui!
Carolina – Não precisa falar duas vezes.
Marina e Clarisse chegaram a escola e foram direto para a sala da diretora. Lá puderam encontrar Otávio, Paulo e Maysa sentados em cadeiras ao canto da sala.
Clarisse – O que houve com o meu filho?
Diretora – Senhora, eu sugiro que fique mais calma.
Clarisse – Calma? Como eu posso ficar calma? Meu filho é um anjo, ele jamais brigaria.
Diretora – Então você deveria observar melhor o comportamento dele, pois ele próprio já confessou que agrediu o colega, Paulo.
Clarisse – É verdade filho?
Otávio apenas assentiu que sim com a cabeça.
Clarisse – Mas deve haver um motivo, um bom motivo…
De repente, a porta se abriu e outra mulher entrou na sala.
Diretora – Dona Giovana.
Clarisse – Ela é mãe do tal Paulo?
Giovana – Não. Eu sou Giovana Falcão, mãe de Maysa Falcão.
Clarisse olhou para ela e torceu o nariz.
Clarisse – Diretora, e onde estão os pais desse menino?
Diretora – Eles ainda não chegaram.
Clarisse – Então será que eu poderia conversar em particular com a Giovana?
Diretora – Se ela quiser.
Giovana – Não sei o que você tem a falar comigo, mas mesmo assim eu aceito. Vamos lá pra fora.
As duas foram para o pátio da escola, que estava vazio àquele horário, e Clarisse iniciou a conversa.
Clarisse – Eu sou a mãe do Otávio.
Giovana – E…
Clarisse – E eu sou que você proibiu sua filha de falar com meu filho.
Giovana – Proibi, e proibirei uma, duas, três… até um milhão de vezes.
Clarisse – Pois fique sabendo que meu filho adora sua filha demais pra ficar sem poder se relacionar com ela.
Giovana – Minha filha é uma moça pura, eu não quero nenhum menino tire a inocência dela.
Clarisse – Meu filho faz esse tipo, ele é respeitoso, educado…
Giovana – Então me diga por que um menino tão cheio de qualidades assim se meteria em uma briga?
Clarisse – Eu não sei se você te alguma experiência mal sucedida com algum homem, mas você não pode simplesmente tirar o brilho dos olhos do meu filho. Isso eu não permitirei!
Giovana – Minha vida não é da sua conta e da minha filha cuido eu!
Giovana então saiu daquele lugar, deixando Clarisse plantada na praça. Com ódio nos olhos.
Mais uma vez Clarisse retornou a sala da diretora, no entanto, desta vez, os pais de Paulo já estavam naquela sala.
Diretora – Será que já podemos começar?
Clarisse – Sim.
Diretora – Agora que já estamos todos aqui eu gostaria que cada aluno conte sua versão da briga. Paulo, por favor, pode começar.
Paulo – Eu tava brincando de boa no parquinho quando o Otávio me atacou. Eu não sei o que ele tem comigo, mas eu não fiz nada para ele.
Otávio – É mentira. Ele é um mentiroso.
Daniel – Eu tenho absoluta certeza que não foi meu filho quem começou essa briga.
Diretora – Quieto, Otávio, vamos ouvir a sua versão agora.
Clarisse olhou bem nos olhos do filho.
Otávio – Eu estava conversando com a Maysa quando o Paulo chegou cheio das brincadeiras comigo e eu não tolerei.
Giovana – Maysa, você estava conversando com ele?
Maysa apenas assentiu cabisbaixa.
Diretora – Como assim não tolerou? O que ele fez?
Otávio – Ele me chamou de menina.
Daniel – Você fez o quê, Paulo?
Paulo – É mentira, pai! Não acredita nele.
Diretora – Vamos impor um pouco de ordem aqui? Agora vamos ouvir a verão da menina Maysa para saber quem está falando a verdade.
Maysa levantou a cabeça e olhou para a mãe, depois para Otávio.
Andressa e Rodrigo já estavam em um motel àquela hora da manhã, mesmo tendo acabado de se conhecerem.
Andressa – Isso não é certo, a gente mal se conhece.
Rodrigo – Pra quê perder tempo com isso. O desconhecido é tão mais gostoso.
Andressa – Isso é verdade, eu adoro o desconhecido.
Rodrigo – Não vai tirar a roupa?
Andressa – Claro.
Ela começou a tirar a blusa para Rodrigo.
Diretora – Vamos impor um pouco de ordem aqui? Agora vamos ouvir a verão da menina Maysa para saber quem está falando a verdade.
Maysa levantou a cabeça e olhou para a mãe, depois para Otávio.
Maysa – O Otávio me procurou para saber por que nós não estávamos mais nos falando e o Paulo chegou logo depois fazendo brincadeiras sem graça.
Diretora – Que tipo de brincadeira?
Maysa – Ele… ele disse que o Otávio era uma menina.
Daniel – Paulo? Você fez isso?
Paulo – Não pai, por favor, acredite em mim!
Diretora – As versões do Otávio e Maysa são congruentes e o que o senhor Paulo está sendo acusado de ter feito configura bullying. Ele terá que ser suspenso.
Clarisse – Suspenso, apenas? Ou você expulsa esse delinquente, diretora, ou eu vou tirar meu filho dessa escola agora.
Daniel – Não exagere.
Clarisse – Eu sou mãe, eu jamais deixaria meu filho crescer num ambiente onde ele não é responsável.
Marina (Interrompe) – Diretora, eu não acho conveniente que as crianças fiquem aqui nesta discussão, será que eu não poderia levá-los para fora e conversar com eles?
Diretora – Claro, é até melhor.
Marina levou os três para o pátio e os fez sentar lado a lado em um dos banquinhos enquanto ela permanecia em pé na frente deles.
Marina – Então… longe de tudo aquele. Do ambiente pesado da diretoria, eu gostaria de saber de onde surgiu essa rixa entre vocês Paulo e Otávio e por que Marina está nisso?
Otávio – Eu não sei, ele sempre implicou comigo.
Marina – Paulo?
Paulo – A verdade é que eu nunca gostei do Otávio por que ele sempre se deu melhor com a Maysa do que eu.
Marina – Apenas por isso?
Paulo – Não é só isso, ela é a menina mais bonita da classe, é inteligente, eu sempre gostei dela. Essa é a verdade!
O menino se levantou e saiu correndo.
Marina – Fiquem aí, eu vou atrás dele.
Otávio – Não, acho que sou eu quem tem de ir lá.