Clarisse empurrava o corpo com cada vez mais força para fundo da piscina, enquanto, em uma tentativa vã, Marina se debatia, esperneava e ouvia seus gritos abafados pela água que lhe tirava o ar. Por um momento, um filme passou pela sua mente, desde brincadeiras com a irmã, até o casamento com Pedro, e a morte dele, lembrou-se dos beijos calorosos de Thiago e da rejeição da sua mãe para finalmente os olhos se cerrarem. Sem saber se um dia eles voltariam a se abrir.
Clarisse, sempre atenta, avistou um homem e soltou o corpo que começou a boiar e ela se afastou.
Clarisse (GRITA) – Socorre, alguém me ajude, ajude minha amiga!
O homem percebeu a agitação da megera e, sem pensar duas vezes, correu para a aérea da piscina e pulou para salvar a mulher. Primeiro foi até Clarisse, mas ela o rejeitou e fez sinal para ele pegar Marina.
Clarisse – Pegue-a, eu estou bem. Ela se afogou!
O homem desconhecido levou o corpo de Marina para a borda e realizou respiração boca à boca nela, tampando as narinas e inserindo ar no corpo dela. Enquanto isso Clarisse fingia estar traumatizada com a situação.
Homem – Ligue para uma ambulância, agora!
A vilã correu para onde estava o celular e ligou para o SAMU, logo em seguida voltou para ver com o home se saía. Mais uma vez ele tentou reavivá-la e desta vez ela começou a tossir a água que engolira.
Plano Celestial
Pedro de repente sentira uma tontura e caíra no chão, Miguel acompanhou a cena assustado.
Miguel (Tentando acordá-lo) – Pedro? Pedro? O que tá acontecendo com você? DIZ!
Mas ele continuava inerte, subitamente Francisco aparecera e pousara a mão no ombro de Miguel.
Francisco – É a mulher que você guarda, Miguel. Aquilo que previmos já está acontecendo.
Miguel – Mas por que ele está desfalecido?
Francisco – Quando ele falecera um laço muito forte entre eles teve que ser rompido, porém essa união parece ter sobrevivido até mesmo à morte.
Miguel – Isso significa que ela também está vindo?
Francisco – Não cabe a mim decidir isso.
Miguel – E cabe a quem?
Francisco – A ele. Quando acordar. Se acordar.
João Pessoa – Motel Boa Vista – Recepção
Andressa e Rodrigo estavam encerrando a estadia no motel quando o celular dela tocou. Era o número de Marina, decerto ela queria saber por que sumira o dia inteiro.
Andressa – Alô, mana.
Clarisse – Aqui não é a sua irmã, é a Clarisse.
Andressa – Ah, oi, Clarisse.
Clarisse – Andressa, a sua irmã não tá bem. Aconteceu algo com ela no clube.
Andressa – O quê? Fale logo, eu to ficando preocupada.
Clarisse – Nós estávamos tomando um banho na piscina e ela… ela…
Andressa – Ela o quê?
Clarisse – Ela se afogou.
Andressa – O quê? Cadê ela? Ela tá bem.
Clarisse – Nós estamos no hospital Santa Luzia. Venha para cá o mais rápido possível.
Andressa – Eu já to a caminho.
Andressa desligou o telefone, Rodrigo percebeu que ela estava demasiadamente agitada.
Rodrigo – O que houve?
Andressa – A minha irmã, aconteceu alguma coisa com ela. Está para o hospital Santa Luzia, você sabe onde é?
Rodrigo – Claro, eu te levo.
João Pessoa – Hospital
Clarisse estava aflita, temendo Marina sobreviver e contar tudo para seu ex-marido. Ela resolveu ligar para ele e contar a sua versão, primeiro.
Clarisse (ao telefone) – Thiago, você precisar vir ao hospital Santa Luzia urgentemente.
Thiago – O que aconteceu? Foi algo com o Tavinho?
Clarisse – Não, mas foi com a Marina. Você nem vai acreditar, ela se afogou!
Thiago – Ela o quê? To indo praí agora…
Clarisse desligou o celular e viu Andressa se aproximando dela com Rodrigo, surpreendentemente, ao seu lado.
Andressa – O que você fez com a minha irmã?
Andressa segurou nos braços de Clarisse e começou a balançá-la.
Andressa – Fala, sua louca, o que você fez com ela.
Clarisse – Eu não fiz nada, me largue.
Andressa – Então me conta essa história direito.
Clarisse – Tá eu conto. A gente tava nadando na piscina e parece que ele teve cãibra ou sei lá e começou a se afogar. Aí quando eu vi, eu comecei a gritar por ajuda por que não aguentava o peso dela e um homem, muito gentil, me ajudou.
Andressa – E como ela tá?
Clarisse – Tá desacordada, mas parece que o perigo maior já passou. Ela não foi nem para a UTI.
Recife – Apartamento de Creusa
Creusa estava sentada à mesa, fazendo a oração de graças para ter uma refeição, porém o telefone tocou e ela sentiu-se atraída a atendê-lo.
Creusa – Será possível que nem comer eu vou conseguir hoje.
Ela tirou o telefone do gancho e o pôs no ouvido.
Creusa – Alô?
Andressa – Alô, Creusa, é a Andressa.
Creusa – Não conheço nenhuma Andressa, deve ter sido engano.
Andressa – Por favor, não desligue. É sobre a Marina.
Creusa – O que aconteceu à minha filha?
Andressa – Ela quase se afogou e está hospitalizada.
Creusa – Qual clinica?
Andressa – Não estamos em Recife, mas sim em João Pessoa.
Creusa – E o que diabos foram fazer aí?
Andressa – Não dá pra falar agora, eu to muito aflita. Só liguei para avisá-la.
Creusa – Amanhã, assim que amanhecer, eu estarei aí. Qual o nome do hospital?
Andressa – Santa Luzia.
Creusa – Passar bem.
Andressa – Digo o mesmo.
João Pessoa – Hospital Santa Luzia
Clarisse aproveitara que Andressa fora dar um telefonema para conversar com seu irmão.
Clarisse – Por que vocês chegaram juntos aqui?
Rodrigo – Quem diria né? Pra você ver como o mundo é pequeno.
Clarisse – Ainda não respondesse minha pergunta.
Rodrigo – A gente tá tendo um lance.
Clarisse – Um lance…
Enquanto falava, Clarisse, de relance, virara o rosto para o lado e pudera perceber Thiago chegando.
Clarisse – Thiago, ainda bem que você chegou. Eu já tava ficando desesperada.
Thiago – O que aconteceu com Marina?
Clarisse – Nós estávamos nadando e parece que ela teve cãibra, eu só vi quando ela tava se afogando… tava muito pesada… eu não consegui…
Thiago – Respira um pouco e me diz o que tá acontecendo.
Clarisse – Ela se afogou, eu simplesmente não consegui ajudar.
Thiago – Mas ela tá viva?
Clarisse – Sim.
Thiago – Pronto.
Andressa vinha vindo em direção deles.
Thiago – Andressa, não quer ir dormir no meu apartamento?
Andressa – Não, vou ficar de plantão aqui a noite inteira.
Clarisse – NÃO! Você não pode, Andressa, coitada viajou hoje cedo. Vou pedir para Rodrigo te levar para minha casa, faço questão.
Andressa – Eu não vou conseguir pregar o olho esta noite.
Clarisse – Vamos fazer o seguinte, eu vou ficar aqui com o Thiago a noite inteira e amanhã de manhã você com o Rodrigo.
Andressa – Se vocês ficarem aqui eu vou mais tranquila.
Clarisse – Pode ir em paz.
João Pessoa – Apartamento de Clarisse
Andressa chegara tímida ao apartamento, mesmo acompanhada de Rodrigo. Cruzando a porta, deparou-se com Carolina no cômodo em frente aonde ela estava.
Carolina – O que você tá fazendo aqui?
Andressa – Espere aí, você é irmã do Rodrigo e da Clarisse?
Carolina – Sim… por quê?
Andressa – Eu sou irmã da Marina.
Carolina – Meu Deus, eu não vou te aguentar ficar sob o mesmo teto que você.
Rodrigo – O que vocês têm, heim?
Carolina – Essa vagabunda aí…
Andressa – Tá querendo levar outra surra é?
Carolina – Mas dessa vez eu vou revidar.
Rodrigo – Dá pra pararem.
Carolina – Não.
Andressa – Não faz sentindo a gente tá se batendo por causa daquela cafajeste, Carolina.
Carolina – É, a final de contas, ele não ficou nem comigo, nem contigo.
Andressa – Colegas?
Carolina – Ex-inimigas.
Rodrigo – Abraço triplo?
Andressa – Sem chances.
Andressa – Vamos lá.
E os três se abraçaram.
A música “Coisas Que Eu Sei – Danni Carlos” começa a tocar conforme o sol vai aparecendo na cidade de João Pessoa e o caos vai tomando conta da cidade
João Pessoa – Hospital Santa Luzia
Clarisse e Thiago mantiveram seus olhos abertos até o médico de Marina aparecer e dar mais informações sobre o quadro dela.
Clarisse – Diz como ela tá, doutor.
Médico – O quadro não é mais grave, toda a água foi retirada do sistema respiratória e já passa bem. Pode até receber visitas.
Clarisse – Eu quero vê-la.
Médico – Sinta-se à vontade.
Thiago – Por que quer vê-la?
Clarisse – Poxa, Thiago, eu via ela se afogando. Preciso dessa garantia para dormir em paz.
Thiago – Então tá, mas sai logo que eu quero ir.
João Pessoa – Hospital Santa Luzia – Quarto de Marina
Pedro e Miguel estavam no quarto de Marina, olhando-a toda encubada. Pedro não conseguia conter a emoção. Até que Clarisse chegou.
Pedro – Miguel, o que essa mulher tá fazendo aqui?
Miguel – Não sei.
Eles continuaram observando-a.
Clarisse – Eu tenho tanta pena de você, Marina. Foi se meter no meu caminho, deveria ter morrido logo quando tentei de afogar, mas se você é tão persistente assim, eu prefiro acabar com isso de uma vez por todas.
Clarisse pegou um dos travesseiros na cama e o pressionou sobre o rosto de Marina.
Pedro – Miguel, faz alguma coisa. Não deixa ela matar a Marina.
Miguel só observava a cena.
Pedro – Faz alguma coisa, pelo amor de Deus.
Pedro mal terminou a frase e Thiago entrou no quarto, ficou estático quando viu Clarisse tentar matar Marina.