Marina chegara em casa cansada e afundara no sofá.
Andressa – Marina, és tu?
Marina – Sim, Dessa, sou eu.
Andressa – Me conta como foi!
Marina – Perfeito, eu realmente amo…
Andressa – Merda, esqueci a panela no fogão. Espere aí que eu vou desligar.
Andressa correu em disparada para a cozinha e Marina ficara só na sala. De repente um calafrio começou a lhe subir a espinha. Era Pedro que estava atrás dela, de alguma forma estranha ela quase podia senti-lo.
Marina – Pedro?
Pedro – Sim, meu amor, diga que está me ouvindo. Por favor, diga.
Ela continuou parada, sentindo que havia mais alguém ali.
Marina – Que besteira a minha, mas de repente bateu uma saudade, Pedro. Seja lá onde estiver, saiba que independentemente de qualquer pessoa que entrar na minha vida você sempre será meu primeiro amor.
Pedro – Por favor, eu sei que dá. Me ouça, deixa eu te tocar.
Naquele momento tudo se desfez. Pedro desapareceu e os olhos de Marina instantaneamente se fecharam.
Andressa – Tava falando sozinha?
Marina – Não, quer dizer… eu tive uma sensação estranha…
Clarisse deixara Marcelo em casa em Recife e voltara para João Pessoa. Chegando em casa percebeu que não havia ninguém, nem sequer uma sombra.
Clarisse – Claro! Sem empregada, Carol e Rodrigo devem ter levado o Tavinho para almoçar fora. Quer saber? Eu to precisando desse momento só.
Ela entrou no banheiro, tomou um banho de água quente e lágrimas começaram a rolar do seu rosto.
Clarisse – Por que você foi fazer isso comigo, Thiago? Agora eu vou ter que matar aquela vagabunda, o sangue dela irá lavar minha honra.
Enquanto arrumava as coisas no seu apartamento e percebeu que suas roupas todas foram escolhidas por Clarisse. Uma vez solteiro, ele outra pessoa.
Thiago – Vou comprar roupas novas.
Thiago fora ao centro da cidade, passara na loja de sapatos e comprara tênis, depois entrara numa loja de roupas e pegara algumas camisas. Ele estava entrando na loja de jeans quando se deparou com Alcione saindo de lá cheia de sacolas.
Thiago – Alcione? Tá fazendo o quê aqui?
Marina contava toda a história para Andressa, mas foi interrompida pelo telefone.
Marina – Então eu disse tudo pra ele, simplesmente coloquei pra fora…
O telefone tocou.
Andressa – Eu vou atender.
Marina – Pode deixar que eu mesma o faço.
Ela tirou o telefone do gancho.
Marina – Alô?
Creusa – Marina, minha filha, se esqueceu de mim foi?
Marina – Claro que não, eu só andei ocupada nesses dias.
Creusa – Será que nós podemos almoçar hoje então?
Marina – É que a Andressa tá fazendo a comida, aí eu não sei…
Creusa – Até que ponto você vai deixar essa mulher impedir nossa relação, você está colocando-a acima da sua própria mãe, Marina. Eu te pus no mundo.
Marina – Tá bem? Qual é o restaurante?
Creusa – Papa’s.
Marina – Te encontro lá em meia hora.
Marina desligou o telefone.
Andressa – Quem era?
Marina – Mamãe, ela quer almoçar comigo.
Andressa – Eu fiz escondidinho, você vai almoçar com ela?
Marina – Você sabe como ela faz chantagem emocional…
Andressa – Essa é a arte que ela domina.
Clarisse decidira visitar Milton no asilo ao qual ele estava. Talvez isso torne mais fácil a convivência dele lá.
Recepcionista – Boa tarde.
Clarisse – Boa tarde, eu sou filha do Milton de Oliveria.
Recepcionista – Ah, o paciente novo. Deseja fazer uma visita?
Clarisse – Sim.
Ao mesmo tempo pensou: “Não, eu vim comprar pão, sua idiota”. A moça encaminhou Clarisse para o quarto dele e ela o encontrou sentado olhando o jardim na janela.
Clarisse – Milton?
Milton – A filha ingrata se lembrou de que tem um pai?
Clarisse – Já vi que não deveria ter vindo.
Milton – E para que veio?
Clarisse – Pra saber como é que você tá?
Milton – Péssimo, dois dias já sem beber. Eu to enlouquecendo.
Clarisse – Será que você só pensa na bebida? Desde quando eu era criança…
Milton – Eu sei de có a história da sua infância, não precisa repetir.
Clarisse – Claro, por que você acabou com ela.
Milton – E como está a sua família?
Clarisse – Bom você ter tocado no assunto. Thiago está se divorciando de mim.
Milton – Sua máscara caiu, foi?
Clarisse – Não, mas tem uma vagabunda na jogada. O que é dela tá bem guardadinho.
Milton – Você é uma idiota mesmo.
Clarisse – Por quê?
Milton – Esse negócio de acabar com alguém é coisa de novela. Isso é a vida real.
Clarisse – E o que sugere que eu faça?
Milton – Já ouviu falar do ditado: “Tenha teus amigos perto e teus inimigos mais próximos ainda”?
Clarisse – Está sugerindo que eu fique amiga dela?
Milton – Sim, será mais fácil atingi-la assim.
Marina chegara ao restaurante e encontrara Creusa já sentada a uma das mesas.
Creusa – Filha, tudo bem?
Marina – Tudo ótimo e com a senhora?
Creusa – Bem melhor agora.
Marina – Vai pedir o quê?
Creusa – Escolha você.
Marina – Que tal um frango a passarinha e uma salada irlandesa?
Creusa – Sim.
Elas pediram o almoço e o silencio reinou naquela mesa.
Marina – Tem uma coisa que preciso lhe falar.
Creusa – Pode dizer.
Marina – Eu estou namorando.
Creusa – O quê?
Marina – Eu estou namorando.
Creusa – Qual é a piada? Você é uma viúva, tem que se dar ao respeito.
Marina – Eu sou uma mulher, tenho que ser feliz.
Creusa – Aí, já tá falando igual à vagabunda da sua irmã.