CLUB DRAMATURGIA ESPECIAL: RETRÔ NOVELAS 2012 (BLOCO A)

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Boa Noite de Natal, querido leitor que ainda está na internet, mas já sente o cheiro do peru no forno. Sei que na semana passada eu havia falado que não teria uma edição da nossa coluna na noite de hoje devido ao feriado e por que eu sou um ser humano que precisa descansar, porém o nosso querido presidente e meu parceiro hoje nesta coluna me pediu que fizesse uma edição especial como uma de nossas atrações de fim de ano e concordei. Sem mais delongas o tema de hoje é: Novelas de 2012 ou Retrô 2012. Vamos falar das novelas que marcaram o ano em todas as emissoras. Infelizmente, só ficarei com vocês no bloco A e deixo o Bloco B no comando do Leo. O Club Dramaturgia começou!

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Em 2012, a Rede Globo decidiu homenagear o romancista baiano Jorge Amado e, para tanto, colocou a cargo de Walcyr Carrasco uma releitura do livro mais famoso de sua obra: Gabriela, cravo e canela. Ao contrário do que todos pensam não foi um remake da versão de Walter George Durst, mas sim do romance do grande mestre.

Juliana Paes interpreta a moça do sertão que conquista a todos por onde passa com seu jeito de ser e as mãos de fada na cozinha tão brilhantemente como tem que ser. Aos 33 anos e encarando a segunda protagonista, Juliana atua com naturalidade e sensibilidade, o único defeito colocado pelos telespectadores foi a aparência dela, que é bonita por demais, e, para viver a sertaneja, teve de ficar da cor da canela, com cabelos secos e os olhos arredondados como uma avelã. Mas, segundo descrito no romance, é assim mesmo que deve ser: pele morena, cabelos rebeldes, olhos redondos e sorriso sincero.

Humberto Martins, o Nacib “Moço Bonito” Saad, interpretou muito bem seu personagem que é um árabe abaianado. Nas cenas mais quentes com Gabriela, ele também atuou com bastante naturalidade e profissionalismo, que o faz merecer uma menção honrosa nesta coluna, pois não é qualquer um que consegue se conter vendo Juliana Paes tomar banho.

Quem também merece menção aqui é a dona do Bataclã ou Maria Machadão, que foi incorporada brilhantemente pela rainha do axé Ivete Sangalo. Na sua estreia nas novelas, Ivete fez bonito cantando, sorrindo e chorando ao desenvolver uma química perfeita com Antônio Fagundes, que deu vida ao impassível coronel Ramiro.

Laura Cardoso nem sabe mais o que é uma má atuação, ela entra numa personagem tão profundamente que passa aquela sensação de que a dona Dorotéia saiu do livro e foi para novela marcar presença.

Para fechar com chave de ouro, o interprete do Coronel Jesuíno, José Wilker, foi mais que brilhante ao atuar em algumas das cenas mais fortes do folhetim, como a morte de Sinhazinha (Maitê Proença) e Osmundo (Erik Marmo).

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Amor-Eterno-Amor

Ainda bem que agora encontrei você… Quem não se lembra do hit de Marisa Monte emplacado em ‘Amor Eterno Amor’, folhetim de Elizabeth Jim? A novela com temática e espírita e repleta de belas atuações tem um enredo bonito, misterioso e polêmico.

Uma novela que defende uma comunidade que sofre tanto preconceito como a espírita sempre tem uma repressão, com Amor Eterno Amor não foi diferente. Muita gente diz não ter assistido por causa da “macumba” da novela, porém macumba nenhuma eu vi.

Verbena (Ana Lucia Torre) era quem representava o núcleo espiritual da trama, que acompanha a trajetória de seu filho, Rodrigo (Gabriel Braga Nunes), do plano espiritual.

O foco era, claro, mostrar que há mais conexões entre o céu e a terra do que poderíamos jamais imaginar. Os dons de Clara (Klara Castanho), jovem sensitiva e com tendência à médium, e de Rodrigo, que tinha uma relação muito harmoniosa com a natureza e acalmava os animais com o toque das mãos, representavam este objetivo da trama.

No outro lado da moeda, Cássia Kiss Magro dá vida a uma vilã cruel, cujo coração possui puro ódio e que desperta o medo no telespectador, com tanta segurança que dá vontade de atirar pedras na televisão ao vê-la planejando suas maldades. Não é à toa que a megera acabou no umbral – que é como um inferno no espiritismo.

Letícia Persilhes ocupara o lugar de Carol Castro que, devido à compromissos com o teatro, não pôde protagonizar o folhetim e acabou interpretando um papel com menor destaque. Letícia nunca tinha feito uma novela, apenas trabalhou na minissérie Capitu, mas se saiu melhor do que se imaginava. A expectativa era que ela não agisse com muita naturalidade, todavia a morena calou a boca de muita gente.

Voltando ao enredo da novela, ele foi muito bem articulado, acrescentando tons de mistério e suspense ao romance que guiava a história.

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empreguetes-cheias-de-charm

A estreia de Felipe Miguez e Izabel de Oliveira como autores principais de um folhetim não poderia ter sido melhor, em 8 meses, a trama das empreguetes conseguiu recuperar uma audiência e uma repercussão que não se via há muito na faixa de comédias da emissora.

No folhetim, as protagonistas são as Marias empregadas Penha (Thaís Araújo), Cida (Isabelle Drummond) e Rosário (Leandra Leal).

Thaís Araújo está voltando às telinhas após a Helana de Viver a Vida e a gravidez do filho. Já sarada de volta e as madeixas lindas como sempre, ela brilha com a batalhadora Penha que tem de aturar um ex-marido traste e a patroa Chayene (Cláudia Abreu) que abandona logo, logo, passando pela mão de várias outras madames do condomínio Casa Grande.

Isabelle Drummond é o que podemos chamar de “talento precoce”, pois, desde a Emília do Sítio, ela consegue dar vida a um personagem com naturalidade impressionante para alguém da sua idade. Para viver Maria Aparecida, a Cinderela das 19 horas, ela acrescentou um brilho extra à personagem.

Leandra Leal vive sua primeira protagonista, mesmo já estando na telinha há mais de uma década, só agora a moça conquista com louvor uma mocinha principal, no entanto, a personagem não agradou bastante por ser obcecada pela carreira de cantora. Só para frisar o problema não era com a atuação da loira e sim com a personagem.

Mas quem roubou a cena mesmo nessa novela foi Cláudia Abreu que esperou o nascimento de quatro filhos para voltar às telinhas (em grande estilo, diga-se de passagem). Chayene lançou moda e divertiu “que só” o público do folhetim com seu sotaque, seu visual, suas canções e suas artimanhas. Enfim, tudo que a Chayene fazia era para provocar risadas e não é que danada conseguiu?

O bloco A dessa edição especial do Club Dramaturgia vai ficando por aqui, porém o Bloco B vaia o ar daqui a exatamente vinte minutos no comando do meu amigo Leonardo Gabriel, fiquem com Deus e feliz natal.