‘Gabriela’ estreia hoje com sensualidade de Juliana Paes

Antes de treinar o trejeito sexy de Gabriela, cujo remake estreia nesta segunda-feira, às 22h15, na Globo, Juliana Paes reclamou da vida e fez muita careta ao sofrer sob o sol escaldante da caatinga. “No sertão, a gente tinha falas um pouco mais secas mesmo. Não dá para você ficar batendo papo, você está com sede, com fome. Você se poupa. Eu nunca tinha estado ali. Isso reverbera no olhar”, explica a atriz.

Encarar a personagem imortalizada por Sonia Braga – que a interpretou na novela, em 1975, e no cinema, em 1983 – fez com que Juliana tentasse apagar da memória as imagens da atriz veterana. “Como eu fiz uma leitura sabendo que faria a novela, fiz o exercício de me colocar naquela fala. A cada suspiro, eu tentava trazer para mim”, conta Juliana.

A adaptação de Walcyr Carrasco manterá a mesma estrutura da obra de Jorge Amado. Na trama, Gabriela sofre com a miséria do sertão e migra em busca de melhores condições. Ao chegar a Ilhéus, no litoral baiano, a jovem conhece Nacib (Humberto Martins), dono do bar Vesúvio, que a contrata como cozinheira, e acaba se envolvendo com o patrão. Juntos, os dois serão responsáveis pelas cenas mais calientes da novela.

Segundo o ator, as sequências de sexo serão mais poéticas do que explícitas, apesar do horário da atração. “As cenas quentes são coreografias que, em nenhum momento, determinam uma situação que não seja a do amor”, filosofa. Para Humberto Martins, o entrosamento para contracenar à vontade com Juliana se deu rápido. “A gente se gosta muito”, diz.

Quem deve roubar a cena é Ivete Sangalo, que dará vida a Maria Machadão, papel que foi de Eloísa Mafalda. Acostumada a incentivar o público a se beijar nas micaretas na vida real, na ficção a cantora comandará a pegação no Bataclan, o bordel da cidade, do qual a personagem é a dona.

“Os coronéis dependem dela porque o entretenimento da cidade se concentra ali. Mas é uma mulher digna, cheia de presença e com uma relação maternal com as prostitutas. Ela tem força política e dá uma organizada no sistema em favor das meninas”, diz Ivete. O fato de ser cantora não intimidou a baiana a aceitar um papel grande em uma novela. “Contei com a receptividade e o bom coração de todos. E estou ótima”, brinca.

A ingênua sensualidade de Gabriela retorna à TV no centenário de Jorge Amado

A ingênua sensualidade de Gabriela, uma das mais sedutoras mulheres nascidas da imaginação do escritor Jorge Amado, retorna à televisão brasileira, que se une desse modo à comemoração do centenário de seu criador, falecido em 2001.

“Gabriela cheira a amor, Gabriela tem cor de canela”, declarou há 15 anos o escritor, nascido no dia 10 de agosto de 1912, sobre a personagem principal de um dos mais bem-sucedidos de seus 36 livros, editado em 1958 e traduzido para 35 idiomas.

A história de “Gabriela, Cravo e Canela” transcorre na década de 1920 em Ilhéus, uma pequena cidade do sul do estado da Bahia, e se situa no meio dos tempos dourados que essa região viveu quando chegou a ser uma das grandes produtoras de cacau do mundo.

Amado recria a chegada da ferrovia à cidade através da prosperidade nascida do cacau, que leva negócios, bancos e até bordéis a florescer, e mostra a cara mais corrupta, ambiciosa e insensível dos coronéis da região.

Nesse universo surge Gabriela, uma jovem que chega vinda da miséria profunda do campo, buscando trabalho como empregada doméstica ou cozinheira, uma arte que conhece como poucas, figura sempre presente na prolífica literatura de Amado, que durante sua própria vida fez da boa mesa um culto.

Nacib, um sessentão de origem síria que a contrata como garçonete, depois como cozinheira de seu bar “Vesúvio”, se transforma em seu amante e depois em seu marido, embora o casamento acabe quando ele descobre que Gabriela o trai com outro homem.

A traição escandaliza a pacata Ilhéus, mas não impede que Nacib desafie a moral da época para voltar a ser amante de Gabriela.

A tórrida paixão de Gabriela e Nacib foi levada à televisão em 1960 e em 1975, mas nenhuma dessas versões teve o impacto do filme dirigido por Bruno Barreto e protagonizado por Sônia Braga e Marcello Mastroianni em 1983.

Aos 59 anos, o intérprete dos delírios cinematográficos de Federico Fellini, se entregou ao realismo mágico de Jorge Amado e deu vida junto a Sônia Braga a um dos casais mais amorosos do cinema.

A versão para TV, que estreia nesta segunda-feira na Globo, coloca Juliana Paes na pele de Gabriela. A escolha da atriz para o papel foi posta em xeque por parte da crítica, porque apesar de ela ter a mesma cor de pele da personagem, não tem seus 20 anos.

No papel de Nacib estará Humberto Martins, ator de 51 anos com longa trajetória na televisão, e em alguns dos papéis secundários aparecerão velhas figuras ilustres da dramaturgia brasileira, como Antônio Fagundes e José Wilker.

Fagundes é parte da história das telenovelas e protagonizou alguns dos grandes sucessos mundiais de Globo, como “O Rei do Gado” (1996) e “Dancin”Days” (1978).

Wilker também se tornou famoso em dramalhões, como “Roque Santeiro” (1985), mas conseguiu projeção internacional em seu papel de Vadinho, o marido que volta da morte para atormentar Sônia Braga em “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), outro filme de Bruno Barreto baseado na obra de Jorge Amado.

Na telenovela que começa nesta segunda-feira na Globo estreará, além disso, como atriz a famosa cantora Ivete Sangalo, que fará o papel de Maria Machadão, dona do bordel Bataclan, lugar de encontro dos políticos mais influentes do sul da Bahia na década de 20.

A telenovela terá 76 capítulos, com um custo de produção médio de R$ 400 mil cada um, e será rodada quase na totalidade em cenários que reproduzem a Ilhéus daquela época, construídos no Projac, no Rio de Janeiro.

Com informações do site Terra