As Nordestinas | A Forrozeira de Caruaru (part. 2)

Anteriormente em A Forrozeira de Caruaru..

  • A banda de Jaqueline acabou:

Antonieta – Esse negócio de banda já era pra mim.

Jaqueline – Mas por quê?

Rita – Nós planejamos essa bandas desde os 15 anos, há 7 anos atrás. Já é tempo de desistirmos.

Jaqueline – Ok, vão embora. Deixem-me isolada, mas eu vou dançar em uma banda famosa e, um dia, estarei eu no Faustão, sabe onde? Dança dos Famosos.

  • Vitor tem uma ideia para Jaqueline dançar no São João:

Vitor – Cansei dessa sua deprê e tive uma ideia de genia.

Jaqueline – Me diz, me conta!

Vitor – Amanhã é abertura do São João e adivinha qual é a banda principal?

Jaqueline – Wesley Safadão e Garota Safada.

  • Vitor falha na tentativa.

Vitor – Será que não dá pra encaixá-la nas “sonho de valsa”?

Yuri – Poxa, cara. Infelizmente não. Tá muito em cima da hora.

A imagem das atrizes na abertura não têm relação com a obra.

Vitor – Você viu que eu fiz o que pude.

Jaqueline – Agora é a minha vez de tentar.

E ela saiu correndo ao encontro do empresário.

Jaqueline – Oi, Yuri.

Yuri Oi, gata.

Jaqueline – Nem deu tempo da gente se falar direito.

Yuri – É o Vitinho, fala demais.

Jaqueline – Oh, eu que o diga.

Yuri – Mas e aí?

Jaqueline – Sabe que eu te achei um cara superinteressante? Bem sabido, bonitão, tudo de bom.

Yuri – Brigadão.

Jaqueline – Então tem certeza que não dá pra me colocar nem em uma musica?

Aí ela foi colocando as mãos sobre o peitoral malhado dele e Yuri já ia seder, se Vitor não chegasse.

Vitor – Bafão, Jaques. Vem cá.

E ele praticamente arrastou a amiga para fora do hotel.

Jaqueline – Que raiva, Vitor. Eu quase consigo.

Vitor – Você quase consegue levar ele pra cama, isso sim.

Jaqueline – Não acredito que você destruiu minha chance por causa de ciúmes?

Vitor – E daí, tem outros meios.

Jaqueline – Quais?

Vitor – Matamos uma dançarina se for possível.

Jaqueline – Agora fui eu quem teve uma ideia.

 

No dia seguinte, Jaqueline acordara superanimada para com a festa, chegara até cantando na mesa da cozinha.

Fatinha – Tá feliz! Nem parece que quebrou tudo ontem.

Jaqueline – Ah, mãe. Hoje é dia de festa, abertura do São João.

Fatinha – Vai ser uma loucura, tá cheio de turistas. Eu vou é vender minhas coisas.

Jaqueline – Tá mãe, vai com Deus.

Quando a mãe saiu, Jaqueline repassou as coreografias da Garota Safada e depois ligou pro Vitor.

Jaqueline – Vem cá, migo.

Vitor – To chegando.

Tempos depois, Vitor chegou com uma mala enorme.

Vitor Olha o que eu trouxe.

Jaqueline – Mentira!

Vitor abriu a mala então mostrando seu conteúdo para a amiga.

 

Horas depois já estava tudo pronto, Jaqueline arrumada, Vitor saindo de casa para o pátio de eventos e as preparações a mil. No estacionamento do pátio eles se encontraram.

Vitor – Tá linda! Arrasei na make.

Jaqueline – Pior que arrasou mesmo, bora pra ação.

Vitor – É o seguinte, essa pulseirinha quer dizer que você vai ter direito a ir ao camarote como convidado do prefeito, o acesso é na parte de trás da estrutura. A segunda parte do plano é…

E ele contou o resto do plano a ela. Logo depois cada um foi para um canto e após alguns minutos ela estava na entrada dos camarins.

Segurança – Acesso?

Jaqueline – Convidada do prefeito. [E mostrou a pulseira].

Segurança – Pode entrar.

Havia várias salas, uma montada para cada banda da noite e a última sala tinha uma plaquinha dizendo: Garota Safada. Jaqueline lá entrou.

Empresário – Olá, quem seria você?

Jaqueline – Eu sou diretora da associação de dança e arte da cidade e vim fazer uma visitinha às dançarinas, pode ser?

Empresário – Claro, ela estão naquela sala se arrumando.

Jaqueline foi para a saleta e se deparou com um corpo de quinze mulheres se produzindo para o show.

Jaqueline – Olá, meninas.

Jéssica – Olá.

Jaqueline – Eu sou Clarisse, diretora da associação de dança e arte da cidade e vim fazer uma visitinha a vocês.

Vanessa – Obrigada.

Jaqueline – Eu sei que dançar durante um show é demasiado cansativo e para isso é necessário que vocês bebam bastante liquido para que não tenham complicações no quadro de saúde. Eu gostaria de conversar em particular com a líder de vocês, quem seria?

Jéssica – Nós não temos uma líder, mas eu me voluntario.

Jaqueline – Então vamos.

As duas foram para um sofá e conversaram um pouco, depois Jéssica voltou para perto das colegas enquanto Jaqueline trazia uma bandeja com copos cheios de água.

Jaqueline – Água para as estrelas do show.

Cada uma pegou um copo e Jaqueline aguardava pela que havia tomado o sonífero misturado com água.

Kelly – Tá um calor aqui, né?

Jaqueline – Vamos tomar um ar lá na janela?

Kelly – Vamos.

 

Na janela, Jaqueline segurou os ombros de Kelly e a mesma desmaiou.

Jaqueline – Socorro, gente. Ela desmaiou.

Jéssica – Quem desmaiou?

Jaqueline – A Kelly, a gente tava conversando e ela desfaleceu.

Jéssica – E agora? Não dá pra fazer os passos com o time incompleto.

Jaqueline – Se quiserem, eu me voluntario para substituí-la.

Vanessa – Mas você nem sabe os passos.

Jaqueline – Eu sou superfã da banda e sempre ensaio os passos de vocês.

Jéssica – Então vamos repassar a de Vamo Apostar, pra ver se você sabe mesmo.

Jaqueline, Vanessa e Jéssica fizeram a coreografia pelo som do iPhone de uma delas.

Jéssica – Até que você é boa.

Jaqueline – Tá de pé?

Jéssica – Agora é com o Wesley.

Jaqueline – Wesley?

Jéssica – Ali ele.

Wesley – Tá contratada.

Jaqueline – Posso te dar um abraço?

Wesley E eu dispenso abraço de mulher bonita?

Os dois se abraçaram e depois Yuri chegou.

Yuri Terminem de se aprontar por que o show vai começar.

Jaqueline correu para o camarim, vestiu a roupa, se olhou no espelho e disse ao seu reflexo.

Jaqueline – Essa é a minha chance, ninguém vai tirar isso de mim.

 

O locutor anunciou a chegada da banda, primeiro o baterista tocou um solo de “Caruaru, a capital do forró”, aí Wesley chegou, a multidão gritou e ele disse:

Wesley – O Brasil inteiro canta: Sorriso Maroto.

A melodia de Assim Você Mata o Papai e quando ele começou a cantar as dançarinas entraram com Jaqueline no meio delas. Ao fim da música, a banda parou e o cantor anunciou.

Wesley – Eu vou fazer essa interrupção agora apenas para apresentar a vocês a nossa nova dançarina, ela é desta terra, Jaqueline dos Anjos.

Jaqueline saiu do meio das colegas, foi para o lado de Wesley e se curvou diante o público.

Nota do Autor*: Oi, gente. Espero que vocês tenham realmente gostado desse episódio e meio que as pressas eu preparei uma chamada para o próximo episódio, por isso não se espantem com a edição, ok? Até semana que vem…


 João Paulo Alves

As Nordestinas | A Ressentida de Teresina (part. 2)

Na primeira parte de A Ressentida de Teresina

  • Natália, nossa heroína, está interessada em seu patrão, Alexandre, e vive a suspirar por ele.

Natália – Por que meu chefe é o cabra mais macho do Piauí.

Alexandre – Morena, não me provoca.

E naquela brincadeirinha de fazer tico-tico no fubaco escondida do “chefe” os dois foram para o quarto brincar mais um pouquinho. Mas estava na hora de Natália acordar e ver que o seu chefe não a quereria nem em conto de fadas.

  • Alexandre pede para Natália preparar um jantar em homenagem a noiva dele.

Natália – Está bem seu Alexandre, eu vou fazer o seu jantar.

Alexandre saiu e Natália sentiu um fogo perpassar seu corpo e temia que aquele fogo queimasse a casa inteira de vez.

Natália – Pode deixar seu Alexandre, eu vou arruinar o seu jantar!

A imagem das atrizes acima não estão relacionadas com a obra.

A lua piauiense caiu e Natália se preparava para fazer a pior coisa da sua vida. Observando o jantar de longe, tudo estava lindo. Quem visse aquele banquete de longe não haveria de imaginar um estrago, uma verdadeira bomba. A campainha tocou, Natália correu para atender, mas foi repreendida.

Alexandre – Deixe-me atender. [E correu até a porta] Lorena, meu amor, bem vinda.

Lorena – Brigada amorzinho.

Natt então voltou à cozinha brincando com as palavras de Lorena. “Brigada amorzinho” ela repetia silenciosamente.

 

O casal conversou um pouco até que o estomago roncou e resolveu mandar servir o jantar.

Lorena – Ei, coisinha.

Natália – Sim…?

Lorena – Eu quero minha salada com muito azeite, por que tem gorduras boas.

Natália – Sim senhora. E o Sr, seu Alexandre, alguma preferência?

Alexandre – Não.

Na cozinha, Natália encheu a salada da oxigenada de pimenta dedo de moça, aquela que quando pega na língua incendeia a boca toda. E, claro, um leve toque de azeite. Minutos depois, levou as saladas para a mesa. Colocou um prato no lugar de cada um e em seguida serviu o vinho.

Alexandre – Pode voltar à cozinha.

E Natália voltou para a copa. Esperando os apelos desesperadores de Lorena.

Lorena – Hum… estes tomates estão com uma cara ótima.

Alexandre – Eu mesmo mandei comprá-los esta manhã.

Lorena – Tomates frescos são uma delicia. E você tem que comer bastante para evitar um câncer de próstata.

Alexandre – Você sempre cuidando de mim, não é?

Lorena – Sim, meu amorzinho. [E ela colocou um pouco da salada na boca]

Alexandre – O que houve, meu amor? Você fez uma cara estranha.

Lorena – Água. [Ela estava tremendo]

Alexandre – Natália, traz água.

Nossa heroína veio correndo uma jarra cheia de água nas mãos. Apressada para encher a outra taça de Lorena derrubou propositalmente o cálice de vinho no vestido paitê cinza de Lorena.

Lorena – Sua vagabunda, esse vestido custou mais que o barraco no qual você vive.

Natália – Quem é vagabunda aqui, sua lora oxigenada?

Natt então pulou em cima de Lorena, quase arrancando os cabelos da outra. Até que Lorena deu um tapa na cara dela.

Natália – Agora a porra ficou séria. [E deu dois tapas consecutivos na loira um com cada face da mão]

Natália provara do desemprego por dias e mais dias. Contudo jamais se deixara abalar e mesmo não tendo arranjado outro emprego, pode-se dizer que ela arranjara coisa melhor. Por outro lado, Alexandre continuara com Lorena, que ainda não superara o trauma de ter perdido um tufo de cabelo, mas provara da dificuldade de arranjar uma boa empregada. O máximo que conseguira fora uma diarista, porém sua casa passava a impressão de ter ficado no meio de um furacão. Mesmo contra a vontade de sua futura esposa, só havia um jeito de consertar aquilo tudo: pedindo para a Natália voltar.

No bairro humilde em que Natália morava, Alexandre deixou seu carro numa pracinha e foi atrás da casa da moça. Ele não sabia qual era exatamente a residência, mas tinha uma vaga noção. Enquanto analisava as casas por uma ruela avistou um mulata vindo ao longe, com madeixas ao vento e vestido florido. Ela tinha um sorriso emoldurado com dentes brancos. Sem aquele uniforme de empregada, ele a via com outros olhos.

Natália – Seu Alexandre? Veio fazer o que aqui?

Alexandre – Eu vim te implorar para voltar, sem você aquela casa é um inferno.

Natália – Sinto muito, mas eu não me sentiria bem em voltar para lá e servir aquela lora.

Alexandre – Por favor, eu faço o que você quiser. Aumento o salário, pago a condução, o plano de saúde, qualquer coisa.

Natália – Não, por que também tem outro motivo.

Alexandre – Qual?

Raí – Natt, quem é esse branquelo aí?

Natália – Ele. [E ela foi dar um abraço e um selinho do morenão alto e forte que surgira.] Nós vamos casar e eu vou ficar cuidando de casa e dos nossos filhos.

Alexandre – Ah, então felicidade para os dois.

E ele saiu de cabeça baixa deixando a nossa heroína com peninha. Mas fazer o quê né? Já disse um grande profeta da vida: “A fila anda!”, mesmo Alexandre nunca tendo entrado na fila, ele perdeu a vez.

 

 NOTA DO AUTOR*: É isso aí leitor, a gente fica por aqui e espero que, mais do que ter gostado do desfecho do episódio, você tenha também aprendido a lição que nossa belíssima heroína, Natália Leite, quis vos passar. Me despido de vocês com a chamada da nossa próxima heroína, bela fera, A IMPOSTORA DE POÇO REDONDO.