João Pessoa – Hospital Santa Luzia – Quarto de Marina
Thiago entrou no quarto e se deparou com Clarisse pressionando um travesseiro contra o rosto de Marina, tentando matá-la.
Thiago – Clarisse, para com isso!
Clarisse olhou para traz e soltou o travesseiro.
Clarisse – O que você tá fazendo aqui? Não era pra você estar aqui. Era para você vê-la morta.
Thiago – Você tá louca? Eu a amo.
Clarisse – Então me coloca na cadeia logo e viva com ela o seu “felizes para sempre”.
Thiago – Eu não vou te colocar na cadeia por que você é a mãe do meu filho, mas você vai me acompanhar para um lugar.
Thiago a pegou pelo braço e saiu arrastando-a para seu carro.
João Pessoa – Escola Machado de Assis
Otávio fora alegre à escola, na esperança de encontrar Maysa, porém não a encontrou em nenhum lugar, não estava, no pátio, nem na sala de aula. Resolver esperar para ver se ela chegaria, mas passaram-se todas as aulas antes do recreio e ela não fora.
Otávio (PENSANDO) – Já sei, vou à diretoria.
Dito e feito, ele fora conversar com a diretora.
Diretora – Olá, Otávio.
Otávio – Eu queria saber por que a Maysa não veio hoje,
Diretora – Você não soube? A mãe dela a tirou da escola.
Otávio – O quê?
Diretora – Isso mesmo, ela já pediu transferência, falta só o documento sair.
Otávio – Não pode ser. Isso não pode ser!
João Pessoa – Hospital Santa Luzia – Recepção
Andressa chegara ao hospital sozinha e se espantara ao ver que Thiago e Clarisse não estava lá. Ela se direciona para a recepção.
Andressa – Moça, você sabe onde está o casal que esperava aqui pela paciente Marina Lima e Silva?
Recepcionista – Eles acabaram de sair.
Andressa – Que estranho…
Ela voltara para a espera e permanecera sentada até sua mãe chegar ao local.
Creusa – Onde está minha filha?
Andressa – Bom dia.
Creusa – Bom, as onde está minha filha?
Andressa – Ela tá bem, eu é que to mau.
Creusa – Você tá aí, vivinha.
Andressa – Por dentro eu não to. To muito é morta.
Creusa – Sem dramas pro meu lado.
Andressa – Me perdoa, mãe. Me perdoa se eu fiz algo errado, mas foi o caminho que eu achei para mim.
Creusa – Eu não consigo te perdoar. Não sei se conseguiria carregar esse peso, essa vergonha, essa desgraça.
Andressa – Não é nenhuma desgraça, eu tenho um trabalho digno como qualquer outro, tenho uma empresa, eu produzo filmes adultos, vendo-os e me sustento. Não to fazendo nada ilegal.
Creusa – Tantas áreas… você é tão inteligente…
Andressa – Mãe, sabe quanto eu recebo por mês?
Creusa – Quanto?
Andressa – 5 dígitos.
Creusa arregalou os olhos.
João Pessoa – Clínica Santa Clara
Thiago levara Clarisse para um clinica psiquiátrica numa área um pouco afastada da cidade.
Clarisse – Você vai me internar? Numa clínica para loucos?
Thiago – Qualquer pessoa que tente matar um ser humano só tem duas saídas: a prisão ou o tratamento.
Clarisse – Não me deixe sozinha aqui, eu prometo que paro com isso, eu prometo.
Thiago – Parar de quê? De matar? Eu não vou deixar meu filho ser criado por uma desequilibrada.
Clarisse – Não me deixe aqui, Thiago, por favor! NÃO ME DEIXE!
Os enfermeiros viram a agitação de Clarisse e começaram a levá-la a força. Uma médica foi falar com Thiago.
Médica – Você tem certeza que deseja fazer isso?
Thiago – Infelizmente, tenho.
Médica – Você deve saber que se for constatado que ela não possui nenhum transtorno ou desvio nós a daremos alta.
Thiago – Eu tenho consciência disso.
Médica – Então, passar bem.
Recife – Trabalho de Marcelo
Marcelo fazia alguns balanços financeiros quando seu celular tocou, era um número desconhecido, porém o DDD era de João Pessoa e ele já imaginava quem era.
Marcelo – Alô?
Clarisse (Desesperada) – Marcelo? Por favor, me ajude.
Marcelo – O que aconteceu?
Clarisse – Foi o Thiago, ele me internou numa clínica para loucos.
Marcelo – O que você aprontou dessa vez?
Clarisse – Venha aqui, por favor, me ajude.
Marcelo – Está bem, eu já estou a caminho. Mas qual é o nome daí?
Clarisse – Clínica Santa Clara. Venha logo, por favor!
João Pessoa – Escola Machado de Assis
Otávio saíra da aula, desanimado, fora para o pátio frontal e se encolhera em um canto qualquer, a espera de sua tia Carolina.
Maysa – Otávio?
Otávio – Maysa?
Maysa – Não tá feliz em me ver?
Otávio – Mas a diretora disse que você vai sair da escola.
Maysa – Eu ia sair, só que eu falei com meu pai e ele conversou com a minha mãe, aí eu não vou sair mais.
Otávio – E o que você veio fazer aqui?
Maysa – Minha mãe vai dizer a diretora que eu vou ficar e eu aproveitei para te ver.
Otávio – Ah, você lembra de ontem?
Maysa – Claro, a briga, a confusão…
Otávio – Não, antes disso!
Maysa – O quê?
Otávio – Você ia dizer alguma coisa, antes do Paulo atrapalhar.
Maysa – Ah, sim. Eu não sei como dizer.
Otávio – São só três palavras.
Maysa – Eu fiquei confusa depois do que o Paulo disse.
Otávio – E quem você vai escolher?
Antes que Maysa pudesse responder Carolina foi ao encontro deles.
Carolina – Vamos, Tavinho. A gente ainda tem que passar em outro lugar.
Otávio – Tá bom. Tchau, Maysa.
Maysa – Tchau, Otávio.
Ela colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha enquanto observava Otávio partir.
João Pessoa – Hospital Santa Luzia
Andressa estava sentada no sofá com sua mãe quando pegou na mão dela e se levantou.
Creusa – O que há?
Andressa – Eu preciso te apresentar uma pessoa.
Creusa – Quem?
Andressa – Apenas venha.
Ela a levou para onde Thiago estava.
Andressa – Thiago, essa a minha mãe, Creusa.
Thiago – Prazer em conhecê-la, Dona Creusa.
Andressa – Mãe, esse é o namorado da Marina.
Creusa – Então esse é o famoso?! Encantada.
Eles conversaram mais uma coisa e então Carolina chegou com Otávio.
Carolina – Oi, gente.
Thiago – Oi, Carol. E aí, Filhão?
Carolina – Cadê a Clarisse?
Thiago – Andressa, você olha o Tavinho pra mim conversar com a Carol um instante?
Andressa – Claro.
Os dois se afastaram um pouco de grupo e Thiago respirou fundo para explicar a situação à Carolina.
Carolina – Vamos, Thiago, diz logo o que está acontecendo.
Thiago – É sobre a sua irmã.
Carolina – E o que há com ela?
Thiago – Está internada em um clinica psiquiátrica.
Carolina – Você colocou minha irmã num hospício?
Thiago – Não, uma clinica psiquiátrica é diferente.
Carolina – Minha irmã é muito sã, não sei por que você fez isso, mas não deveria tê-lo feito sem me consultar.
Thiago – Acho melhor você procurá-la.
Carolina – É exatamente isso que irei fazer, onde ela está?
Thiago – Clínica Santa Clara.
Carolina – Perto dos jardins?
Thiago – Sim.
Carolina – Eu já passei por lá algumas vezes.
João Pessoa – Clínica Santa Clara – Recepção
Marcelo chegara a clínica e fora a recepção.
Marcelo – Boa tarde, eu gostaria de falar com a paciente Clarisse Albuquerque de Oliveira.
Recepcionista – Ela está no quarto, quer que a chame?
Marcelo – Não precisa, só me diz onde fica?
Recepcionista – Claro, saindo por aquela porta você vai atravessar um jardim e encontrar um chalé. Ela está no quarto Flor Cigana.
Marcelo – Obrigado.
Marcelo seguiu todas as instruções da recepcionista e se direcionou ao quarto de Clarisse. Ele bateu a porta e uma voz vinda de dentro permitiu sua entrada.
Clarisse – Ainda bem que veio.
Marcelo – Eu preferiria te reencontrar em outras circunstancias.
Clarisse – Me tira daqui, eu não to maluca.
Marcelo – Por que ele tentou te internar aqui?
Clarisse – Isso não importa, mas me ajude a fugir e a gente pode fazer uma longa viagem, dar uns amassos por esse Brasil…
Marcelo – Corta essa, Clarisse, nossa relação era carnal, nunca passou disso. Sexo!
Clarisse – Sexo é muito pouco, é sexo bom demais.
Marcelo – Eu não vou te ajudar a fugir.
Clarisse – O quê? Você também vai me virar as costas?
Marcelo – Eu não to te virando as costas. Mas não vou te tirar daqui.
Clarisse – Então vá embora. Some daqui!
João Pessoa – Clínica Santa Clara – Recepção
Carolina chegou a clínica extasiada e se dirigiu direto a recepcionista.
Carolina – Eu quero falar com Clarisse Albuquerque.
Recepcionista – Outra pessoa?
Carolina – Tem alguém com ela?
Recepcionista – Sim, um homem.
Carolina – Ah, deve ser o meu irmão. Pode me dizer onde eles estão?
Recepcionista – Sim, passando da porta, é só cruzar o jardim e entrar no chalé. O nome do quarto é Flor Cigana.
Carolina – Obrigada.
Carolina fez tudo que a moça dissera, mas ao chegar na porta do quarto percebeu que ela estava entreaberta e viu que não era Rodrigo quem estava lá. O homem caminhava em direção à saída, Carol se encostou a um canto da parede.
Marcelo – Quem é você?
Carolina – A irmã da Clarisse, eu tava só esperando você sair pra ir falar com ela.
Marcelo – Clarisse nunca me falou que tinha uma irmã tão bonita.
Carolina – Ela também não me contou o pedaço de mal… aliás… a BR-16 de mal caminho que era o amante dela.
Marcelo – BR-16?
Carolina – Me beija logo.
Sem pensar duas vezes, Marcelo a beijou ali mesmo.
Plano Celestial
Pedro sentara-se nos jardins para pensar, mas nem teve tempo para o fazê-lo, pois logo Miguel interrompeu seus pensamentos.
Miguel – Refletindo?
Pedro – Lamentando definiria melhor.
Miguel – Marina é o nome do langor?
Pedro – Sim, ela vai sobreviver?
Miguel – Cabe a você decidir.
Pedro – Como assim?
Miguel – É a sua missão, Pedro. Chegou a hora de decidir: Quer que Marina sobreviva e teça uma história de amor ao lado de Thiago ou prefere reencontrá-la aqui e poder cuidar dela você mesmo?